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Cláudia Castilha - Nascimento Isaac

Nascido em 13 de outubro de 2015

Relato de parto - nascimento do Isaac - parto domiciliar planejado - 13/10/2015

(A história é longa. Se quiser ir direto ao parto em si, role para baixo!!!)

* Resolvi escrever essa história pois sei que causa bastante surpresa, em Foz do Iguaçu (ainda) a realização de partos domiciliares planejados. Além disso, sinto que uma história bonita (e eu a acho linda!) merece ser compartilhada, para trazer alegria ao mundo, além de incentivar quem busque viver o mesmo sonho que vivi. 

O relato deste parto começa no ano de 2010, quando minha amiga, prima e cumadre Ana Maria engravidou do Bernardo, meu lindo afilhado. Morando em Florianópolis, Ana pôde conviver com um grupo que atendia partos domiciliares planejados e se apaixonou por esse universo. Um dia, então, me confidenciou que Bernardo nasceria em casa. Obviamente que a revelação me deixou pasma a princípio, uma coisa tão incomum, parecia até perigosa! Mas como essa afirmativa veio de uma pessoa que eu considero sensata, inteligente e dotada de senso crítico, imediatamente me vi forçada a refletir a respeito, mesmo tendo imediatamente aceitado a proposta e apoiado a Ana. A partir de então acompanhei aquela gestação com amor e ansiedade. Mas, infelizmente, nosso Bê não deu as caras até as 42 semanas de gestação e por uma série de motivos nasceu por uma cirurgia cesariana carregada de violência obstétrica. E foi a primeira vez em que me deparei com um relato vívido dessa violência, com esse nome novo, até então desconhecido. Violência sofrida por uma pessoa a quem tanto amo, tão próxima, e que tão pouco mereceu ser destratada no dia do nascimento do seu tão amado e esperado primeiro filho.

Pois bem, a partir desses eventos, um universo começou a se descortinar a minha frente. E a desconstrução de uma série de coisas que eu considerava absolutas se iniciava.

Passados seis meses do nascimento do Bernardo, me vi grávida da Lara. Estávamos em 2011. 

Eu, assim como meus três irmãos, nascemos de parto normal. Cresci ouvindo minha mãe contar a respeito das dores e da felicidade de trazer um filho ao mundo pelos seus próprios meios. A ouvi sempre falando dos benefícios do parto, pois seu corpo se recuperava facilmente e logo após o nascimento dos seus filhos ela sempre pode já voltar a seus afazeres diários sem dores ou desconforto, além de recuperar rapidamente sua forma física. Logo, eu comecei minha vida já sem o medo do parto que muitas carregam em si pelas más experiências de suas mães, o que facilitou em muito a minha caminhada. 

Por indicação de minha prima li vários livros bacanas sobre parto, além de ter iniciado a ler blogs, ver vídeos e me informar. No entanto, o tal parto humanizado parecia uma possibilidade tão remota, tão distante da realidade de onde eu vivia, que eu procurava não alimentar muitas expectativas a esse respeito. Se eu conseguisse um parto normal tradicional, já estava bastante satisfeita. 

Acompanhei minha gestação com uma médica bastante preocupada e simpática, mas que também por essa característica de ser excessivamente preocupada, fazia muitas cesáreas. No entanto, ela seguia me encorajando ao parto, dizendo que o faria se tudo estivesse bem.

No entanto, quis do destino que eu fosse removida no meu trabalho da cidade onde morava para Criciúma/SC, às 34 semanas de gestação. Além da situação já complicada por si só, foi bastante difícil encontrar um médico que aceitasse uma gestante tão adiantada. Por fim, encontrei uma médica que possuía fama de fazer partos e que respeitou meu desejo, não inventando qualquer motivo para uma desnecesárea. 

*Breve relato parto da Lara - 17/04/2012

Às 39 semanas e 5 dias de gestação, fui a uma clínica de ultrassom para ver se estava tudo bem com a bebê. Na sala de espera, por volta das 10h da manhã, comecei a sentir a cadeira muito desconfortável... então me levantava a caminhava e depois voltava a sentar. Na terceira vez que fiz isso, meu esposo me disse: a cadeira está desconfortável a cada 11 minutos! Você está tendo contrações! Mas como eu não acreditava que contrações doessem nas costas, não dei ouvidos. Mas então elas continuaram voltando e aceitei que eram contrações sim!

Durante o exame de ultrassom, o médico verificou que a placenta já estava "madura", que a bebê estava bem, mas que estimava que nasceria ainda dentro de quase 2 semanas, especialmente porque ela não havia encaixado (barriga estava altíssima). No entanto, as dores persistiram, sempre ritmadas, e por isso optei por ligar para a obstetra, que me recomendou ir ao Hospital para avaliação. Almocei e optei por aguardar um pouco mais em casa, então cerca de 15h30 fui para o hospital, onde constatou-se que minhas contrações aconteciam a cada 9 minutos, e estava com 0,5 dedo de dilatação. Minha médica recomendou por telefone que eu retornasse para casa e voltasse ao hospital por volta das 19h. 

Voltei para cada e lá fiquei, sozinha no meu quarto, ora com minha mãe e esposo na sala.... mudando de posição, anotando num papel a duração de cada contração e os horários de cada uma: sabia que o trabalho de parto ativo se iniciaria quando estivesse com contrações em média a cada 3 minutos. Então, aguardei o máximo que pude, e, quando as contrações estavam a cada 3 minutos fomos para o hospital, cerca de 20h30min. 

Chegando ao hospital, meu esposo não entrou (na justificativa de que precisava apresentar os papéis para internação) e já recebi um acesso de soro na veia, mesmo tendo recusado. Então, foi feito o toque e estava com 6cm de dilatação. Ligaram para minha médica, que então veio, e desde então tive de permanecer na maca deitada. A posição deitada, para mim, era a que mais agravava a dor, mas enquanto estive na maca tentava ao menos ficar de lado. 

Então chegou a médica, me levaram para o centro cirúrgico, me deitaram de costas, colocaram minhas pernas sob os estribos (que haviam sido montados errados.... a médica teve que montar novamente, tão poucos eram os partos normais naquele hospital), e, para minha tristeza e mesmo contra meus protestos, amarraram minhas pernas nos estribos, sob justificativa de que eu poderia chutar a bebê quando ela nascesse.

A médica então me comunicou que romperia minha bolsa para acelerar o processo, e o fez, quando as dores se intensificaram bastante. Durante esse período muita gente entrou naquela sala.... acredito que curiosos para ver um parto. Toda vez que eu mexia o braço me repreendiam pois interrompia aquele acesso que eu não queria nem precisava, além de várias vezes terem gritado para que eu não colocasse minha mão "lá embaixo" pois ela estaria suja, contaminada.

Enfim, quando entrei no expulsivo, comecei a sentir os puxos, aquela vontade irresistível de fazer força, e a médica me avisou que as contrações estavam muito curtas, por isso iria utilizar ocitocina sintética no meu soro. Ela colocou a ocitocina, e em seguida mandou chamar meu marido, pois senão ele perderia o parto. Mais um puxo e a médica me avisou que faria um "piquezinho" para ajudar a Lara nascer, e assim ganhei uma episiotomia, procedimento com o qual eu também não concordava, mas me calei e me submeti. Durante aqueles puxos eu falei para meu marido: "é pior.... é muito pior do que eu imaginava". A dor realmente era pior do que eu acreditava que seria, mas era muito inferior do que eu aguentaria, pois eu já na finaleira não acreditava que a bebê já iria nascer. Na verdade, eu não achava que ela nasceria antes do amanhecer o dia seguinte, e estava disposta a suportar a dor até lá!

Mas então Marlon chegou, e tive cerca de 3 puxos e a Lara nasceu. Linda, forte, cabeluda, uma princesa!!!! Nasceu às 21h20min, menos de uma hora depois de termos chegado ao hospital e sem ter encaixado em nenhum momento: quando ela desceu, foi pra sair mesmo!...

Ela foi colocada por alguns minutos no meu seio esquerdo e logo sugou e se acalmou. Mas em seguida já foi levada para os procedimentos e eu fiquei sendo suturada. Em seguida, fui direto para o quarto, onde fiquei sozinha aguardando minha filha e marido. Interessante que no pós parto eu tremia muito, de chacoalhar. Hoje eu sei que isso foi fruto de uma descarga de adrenalina, provavelmente provocada pelo stress causado pelas intervenções que eu não queria. 

Passado uma meia hora, meu esposo e mãe vieram e logo depois a Lara, já limpinha e vestida. Naquela noite não consegui dormir, foi muita adrenalina, muita loucura... ficava repassando o dia vezes e vezes. Estava eufórica, feliz, feliz demais! Todas aquelas intervenções não foram queridas nem desejadas, mas eu havia parido! E nada me trazia mais alegria do que ter conseguido, no país das cesáreas, ter um parto e agora ter uma bebê linda e saudável nos meus braços!

Lara já mamou no quarto, mas durante a madrugada chorou um período, uma enfermeira buscou e deu uma seringuinha com "complemento" para ela, e então ela dormiu serena. Mal sabíamos que esse complemento tão comum seria o provável gatilho que desencadeou a alergia alimentar que ela apresentou. Mas essa é uma outra looonga história. 

O parto de Lara quebrou vários paradigmas que poderiam ter levado a uma cesárea. Primeiro, ela não "encaixou" em nenhum momento da gravidez e nem em trabalho de parto. Esteve alta até o momento de nascer. Além disso, minha dilatação não evoluiu na base do "1cm por hora". Foram 5 horas de contrações regulares para dilatar 0,5 cm, mais 5 horas para chegar aos 6 cm e depois em 40 minutos dilatei os outros 4, chegando a dilatação total. Ou seja: cada corpo sabe seu tempo, sua hora. É nosso corpo, nossa alma quem dita o ritmo do trabalho de parto, e não os livros ou os profissionais de saúde. 

Com a Lara me tornei mãe. Mãe de uma menininha ativa e esperta, de lindos olhos azuis e bochechinhas redondas. 

Com Lara aprendi a questionar tanta coisa. Especialmente ordens médicas. Isso porque em função de sua alergia alimentar eu passei a estudar com afinco, junto com outras mães, de maneira a buscar uma cura, e então presenciava orientações absurdas vindas de profissionais da saúde, as quais iam frontalmente de encontro às recomendações para tratamento de alergias. Além disso, era constantemente desencorajada a amamentar, pois minha dieta estava muito restrita, e porque o ganho de peso da minha pequena nunca era satisfatório. Mesmo assim, seguida na teimosia.... dando muito mamá e fazendo a dieta necessária. 

Como Lara é uma criança excepcionalmente ativa, demorou muito para dormir durante a noite de forma contínua. Primeiro, mamava muitas vezes durante a noite e tinha dificuldades e voltar a dormir. Depois do desmame, aos 21 meses, continuava acordando várias vezes, e isso nos desencorajava a encomendar seu irmãozinho. 

Então já estávamos de volta a Foz do Iguaçu, quando começamos a pensar num novo bebê. Lara já iria completar três anos, e nos pareceu uma boa diferença de idade. Além disso, ela já estava dormindo bem melhor. 

Antes ainda de resolver engravidar, uma amiga me adicionou a um grupo do facebook chamado "GestaFoz", onde estava sendo difundida informação de qualidade a respeito de gestação, parto, amamentação e demais assuntos do mundo materno. Foi uma adorável surpresa! Foi como um sopro de brisa, pois não me senti sozinha nas minhas crenças a respeito de parto e gestação, vi que havia mais gente que pensava como eu! Num dia, num post qualquer, alguém comentou algo sobre parto domiciliar em Foz. Eu NUNCA imaginava que essa possibilidade existiria, perguntei ali e logo a Fernanda Sherer me chamou inbox perguntando se eu tinha interesse. Olha, nem eu sabia responder a essa pergunta.... eu nunca havia cogitado a hipótese, pois acreditava que ela não existisse! Como sou grata a esse dia e à Fernanda, que abriu meus olhos para a opção que agora eu sabia que tinha!

Então, em janeiro deste ano, resolvemos fazer um irmãozinho para a Lara e conseguimos!

Grávida, me vi pensando seriamente que gostaria de fazer parto em casa. Mas ainda não estava totalmente segura. Tinha medo de ser julgada, medo de dar algo errado, medo de não dar tempo da equipe chegar para o parto. Cogitei ir a Cascavel para parir lá, mas também me vi amedrontada de não dar tempo de chegar e ganhar o bebê no carro... isso especialmente pelo fato de não ser primípara. Segundos partos tendem a ser mais rápidos e eu não teria como prever quanto tempo levaria em trabalho de parto desta vez. 

Até que um dia a Honielly, enfermeira obstetra que faz os partos domiciliares, veio até Foz e fez uma palestra. Ela mostrou tanto conhecimento, tanta lucidez, tanta segurança, que não tive dúvidas de que era aquilo que eu queria. Ainda estava com pouco tempo de gestação, mas desde então já comecei a falar com a Honielly e dizer que tinha interesse em fazer o parto com ela. 

Desde o início meu esposo apoiou a ideia. Credito isso ao fato de já termos tido uma filha de parto normal e termos visto que é algo fisiológico, lindo. Não é perigoso como nos fazem crer. Além disso, durante todo esse tempo sempre estive lendo, estudando.... assistimos juntos ao "Renascimento do Parto" e estávamos bem tranquilos com relação a nossa escolha. 

No entanto, o parto em casa requereria uma gravidez de baixo risco, por isso só poderíamos ter certeza de que rolaria no 3º trimestre, lá pelas 33 semanas. Enquanto não chegava lá, tratei de cuidar da minha alimentação, comendo direitinho, além de manter atividade física moderada, tudo para evitar cair em problemas como pré eclampsia e diabetes gestacional. Mas tudo correu super bem, o pré-natal ia bem também, e com 33 semanas confirmamos o PD (parto domiciliar) com a Honielly. 

Com 35 semanas fomos até a Cascavel para conversar com ela, fazer o contrato e tudo o mais. Ela me examinou, já viu que meu pequeno era bem comprido e nos deu toda a tranquilidade e orientações necessárias. Viemos de Cascavel bem confiantes. 

Acho importante ressaltar aqui que a Honielly foi todo o tempo extremamente responsável na análise dos meus exames de pré-natal, zelando sempre pela segurança do processo. Além disso, esclareceu todas as circunstâncias que poderiam indicar uma transferência hospitalar, indicando qual o risco em termos percentuais e sempre embasada em evidências científicas. Quer dizer: estávamos absolutamente cientes e seguros, pois sabíamos o que poderia acontecer, e qual seria a atitude a ser tomada pela equipe do Parto Domiciliar caso ocorresse. 

Com 38 semanas fizemos um chá de bençãos lindo em casa, onde reuni mulheres lindas próximas, que me trouxeram todos seus votos de saúde e bom parto. Uma tarde mágica, que me deixou mais ainda animada e certa de que tudo daria certo. 

Honi veio até a nossa casa, me examinou novamente, e disse que estimava que Isaac nasceria por volta do dia 20 de outubro, e então fiquei bem tranquila, pois ainda faltava algum tempo!

*** Relato do parto do Isaac

Então, no dia 12/10 - feriado, recebemos minha irmã e cunhado com minha sobrinha/afilhada em casa, além de um casal de amigos com sua filha (amiguinha da minha pequena). Fiz um bolo, fizemos pipoca, papeamos e deixamos as pequenas brincarem. Eu havia completado 40 semanas no domingo, dia 11. 

Por volta das 18h30 eles saíram de casa e eu fui organizar os brinquedos que as pequenas haviam espalhado. De tanto me abaixar e levantar, já comecei a sentir um desconforto, mas considerei normal, pois a barriga já estava bem grande mesmo. 

Em seguida, o marido me diz que acha legal irmos ao mercado, pois para o parto domiciliar é importante ter comida em casa, tanto para nós quanto para as enfermeiras e a doula. Então resolvi ir junto para garantir que a compra fosse feita direito (rs). 

Chegamos no mercado pouco antes das 20h, e enquanto comprávamos, Lara pediu para ir ao banheiro. Chegando ali, senti um desconforto mais nítido, mas novamente achei que não era nada. Depois, no carro retornando para casa, senti novamente, e então comentei com o marido, que já começou a verificar os horários dos desconfortos. Chegando em casa, passados 10 minutos, senti novamente, e a partir de então comecei a anotar (tinha um aplicativo no celular para monitoramento de contrações). 

Demos seguimento à rotina da casa. Dei janta para a Lara, Marlon deu banho nela. Então, resolvi tomar um banho quente, pois se estivesse tendo pródromos (contrações de treinamento) eles parariam com o banho. Eis que durante o banho em si sinto uma contração bem nítida e começo a desconfiar de verdade que é trabalho de parto. Então fui me deitar para relaxar um pouco e já mandei mensagem pra Honielly (enfermeira obstetra), para a Alyne (doula) e Daniele (fotógrafa), avisando que possivelmente estaria em trabalho de parto. Enquanto isso, Marlon fez a Lara dormir e ficamos só os dois acompanhando as contrações. 

Mesmo deitada segui tendo contrações, mas elas espaçaram... então 22h a Honi me ligou, e em 10 minutos tive duas contrações. Então ela optou por já organizar as coisas e vir para Foz, mesmo que fosse alarme falso, pois o tempo de deslocamento é considerável e ela não poderia correr o risco de se atrasar. Em seguida, perto das 23h, liguei para a Alyne e pedi que ela viesse para casa, pois agora parecia que estava séria a coisa. Enquanto isso, eu e marido assistíamos a um seriado na televisão e eu tentava achar as melhores posições para suportar as contrações, que desde o início já eram bem longas (de 40 segundos a 1 minuto). Honi avisou que já estava a caminho, e Marlon começou a encher a piscina (de ar). Antes disso já havia providenciado o aromatizador com óleo essencial de lavanda e sálvia, para auxiliar com a dor e com o processo do parto e Marlon já havia posicionado uma lâmpada com uma iluminação fraca e em cores, para que o ambiente também ficasse propício (a ausência de luz auxilia na produção dos hormônios que desencadeiam o TP). 

A Alyne chegou em casa pouco depois das 23h e já conversamos e ela começou a aliviar minhas dores com massagem e com umas compressões no quadril que eram mágicas.

Pouco antes da 1h da manhã chegaram as enfermeiras Honielly e Priscilla, e a partir disso as contrações se intensificaram mesmo. Era como se meu corpo tivesse somente aguardando a chegada delas. E nisso a banheira começou a ser cheia com água quente do chuveiro e a Alyne continuava me massageando, enquanto o marido somente sorria, feliz porque estava chegando a hora de conhecermos nosso pequenino. 

Honi chegou CARREGADA de equipamentos: medicamentos, oxigênio, e tudo o necessário para o atendimento do parto e também para prestar os primeiros socorros no caso de ser necessária uma transferência hospitalar. 

As enfermeiras então escutaram o coraçãozinho do Isaac, que estava batendo ótimo, e Honi perguntou se eu gostaria que ela fizesse o toque: claro que queria, pois as dores estavam muito intensas e eu precisava saber se ainda faltava muito! Então ela tocou e, segundo ela, não havia nenhum colo ali para ser tocado: dilatação total! Ali mesmo tive mais uma contração e a bolsa se rompeu, molhando a Honi, o sofá, tudo! O liquido estava bem clarinho e bonito, então ficamos ainda mais tranquilos. Agora era ir rumo à piscina!

Eu nessa altura tive dificuldade de andar, mas Marlon, Honi e Alyne me ajudaram e fomos para a piscina. Marlon colocou para tocar a playlist de músicas que fiz para o parto no youtube e na piscina me senti muito melhor. Conseguia me posicionar melhor, além de que a água quente ajudava muito a acalmar as dores. Nesse momento eu comecei a sentir uma pressão muito forte para baixo, que me incomodava mais do que as contrações em si.

Então me perguntaram se queria que chamasse a fotógrafa (tinha esquecido dela), mas eu estava tão na partolândia que não queria nem que a chamassem... mas a própria Honi e o marido disseram que chamasse, pois a Dani é uma pessoa muito legal e de quem eu gosto, e certamente não iria atrapalhar. Que feliz que fiquei de ter aceito!

Chamamos a Dani e ela chegou por volta das 2h15 da madrugada ali em casa. Então, a pressão que eu sentia se intensificou ainda mais e poucos minutos depois senti Isaac descer e coroar! Foi muito lindo, emocionante! Então me senti a mulher mais forte do mundo, pois o momento que eu havia esperado chegou! Mais uma contração e a cabecinha dele saiu, e já pude ver que era tão cabeludo quanto a irmã! Chamamos a Honi que com toda doçura do mundo falou ao Marlon: você não quer pegar o seu bebê? E então ele veio e já segurou a cabecinha dele, aguardando a próxima contração, quando saiu o corpinho, e Marlon tirou ele para fora da água e ele já deu uma pequena choradinha, somente para nos tranquilizar, pois em seguida já ficou sereno, tranquilo.

Nasceu às 2h22min do dia 13/10/2015, pesando 3.810Kg e medindo 52 cm. 

Isaac ficou então no meu colo, e poucos minutos depois já pegou perfeitamente o seio e iniciou sua primeira mamada. Lindo, perfeito!!! Eu chorava e sorria ao mesmo tempo, tão tão feliz, tão tomada de amor, tão eufórica por aquele momento de nascimento tão respeitoso, tão fantástico!
Desde que optei pelo parto domiciliar, eu tinha certeza de que o que eu realmente queria não era não sofrer episiotomia, ou parir amarrada e deitada: o que eu queria de verdade era ter meu bebê nos braços quando nascesse, namorar, cheirar, olhar e olhar por todo o tempo, sem pressa, sem atropelo, sem que ninguém me tomasse ele. A Honi analisou os primeiros sinais dele todos no meu colo: ouviu o coração, verificou a respiração e tudo o mais, sem que ele tivesse que sair de perto de mim. 
Enquanto ele estava no meu colo, com o papai dele juntinho de mim e dele, o tempo parou, e era como se não houvesse mais ninguém no mundo.

Ficamos na piscina ainda por 1 hora e meia aguardando o nascimento da placenta, mas como ela não estava afim de nascer, optamos por sair da piscina (estava frio e dava trabalho manter a água quente para ele) e fomos nos deitar na minha cama, eu e Isaac, ainda ligados pelo cordão umbilical. 
Ali então aguardamos mais uma hora e meia (e nesse tempo todo ele permaneceu mamando) e como a placenta ainda não havia nascido, optamos por cortar o cordão para que eu pudesse fazer um procedimento para auxiliar a placenta a sair. Então, a Honi usando seus conhecimentos me auxiliou, com vapores quentes e exercícios de soprar, a parir a placenta, que saiu 3 horas após o nascimento do Isaac, toda íntegra, perfeita.

Fui então tomar meu banho enquanto as enfermeiras faziam todos os testes necessários no bebê (reflexos, peso, altura etc). 

Então o dia já nascia, e ligamos para os avós contando a surpresa do nascimento do neto, e eles vieram imediatamente até a nossa casa. 

Meu parto domiciliar foi perfeito. Foi durante a madrugada, quando ninguém apareceria de surpresa, e apesar de termos feito tudo na sala ao lado do quarto da Lara, ela não acordou (temia que ela ficasse assustada, com medo, mas mesmo assim não queria excluí-la do nascimento do seu irmão) e eu não tive NENHUMA laceração. NENHUMA. Zero! Nenhuma escoriação, nenhum tecido esfolado, ardido, nada!

Considerando que havia escutado de um médico (não o que acompanhou meu pré-natal) que eu COM CERTEZA teria laceração séria, que no meu caso era imprescindível fazer episiotomia, acho bastante importante ressaltar isso. Parto respeitoso, no seu tempo, em posição vertical, respeita a fisiologia da mulher e a probabilidade de laceração é muitíssimo reduzida. 

No mesmo dia, estava normal, absolutamente normal. Poderia caminhar, correr, pular. Não sentia dor em parte alguma. No parto da Lara também me sentia bem disposta, mas os pontos da episiotomia me limitaram por alguns dias, especialmente para ficar sentada amamentando. Mas neste segundo parto, além de feliz, me sentia fisicamente ótima. 

No meio da manhã, Honi foi até a Regional de Saúde fazer a declaração de nascido vivo (DNV) e Marlon registrou nosso pequeno já em seguida. Elas ainda ficaram em casa até 15h, para ter certeza de que tudo estava bem e então se foram. Priscilla voltou ainda dois dias após para nos ver, examinar e constatar que ainda estávamos ótimos. Me auxiliou muito com a amamentação, ficou por horas me dando informações que foram extremamente úteis, até mesmo para quem já amamentou a primeira filha por quase 2 anos.

Confesso, por fim, que muitas vezes tive medo, muitas vezes duvidei. Achava, inclusive, que não merecia ter o parto que eu sonhava, ou até mesmo que não era nem justo que eu tivesse, pois tanta gente que eu amo e prezo tanto não conseguiu seu sonhado parto, não conseguiu escapar desse sistema cruel que temos aí. Mas já aceito que se consegui foi para também auxiliar para que novas histórias como essas não se repitam. Que nossa história seja força a quem está buscando um parto de respeito, pois em algum lugar ele é, sim, possível.

Enfim, esse é o relato do nascimento do Isaac.

Para ter parto em casa precisa ser louca ou corajosa? Não! Mas é preciso desconstruir muita crença e construir toda uma nova base. O que muitos chamam de loucura, eu chamo de lucidez, pois estava ciente de todos os riscos e sabia que eles eram infinitamente pequenos, além de que estava nas mãos capazes de competentes de duas enfermeiras com muita experiência e conhecimento, além de super dedicadas. E mais importante: estava na companhia de pessoas humanas, maravilhosas, que somente somaram no nascimento do meu pequeno.

Além das pessoas que participaram deste parto (Alyne Cavallari Eidt Dal Vesco, Honielly Palma Goes, Priscilla Tives e Danielle Bazzanella), além das minhas amigas e parceiras do NFG - Thaíse, Fernanda e Jaqueline, às quais já deixei registrado meu agradecimento no relato postado no grupo Gestafoz, gostaria de agradecer publicamente infinitamente ao meu esposo Marlon Person Fuchs, que foi minha força, meu porto seguro, nisso e em todas as coisas da vida: amo você, meu companheiro de aventuras. Também a minha mãe, Elia Castilha, que me ensinou deste muito cedo a confiar em mim, que me incentivou ao parto, que me fez me orgulhar de ser mulher. A minha prima Ana Maria Castilha, que me trouxe para o mundo do parto humanizado e da maternidade consciente: obrigada por me dar tanta dor de cabeça ao questionar tudo e tanto! Você me faz crescer a cada dia! A minha cunhada Enayele Sirtoli Fuchs, dinda do Isaac e que já faz tanta diferença em nossa vida, com sua companhia, com sua paz, com seu apoio! As minhas amigas AliceEpaulo Coe, Roberta Rpa (dindinha2 do Isaac) e Regina Mensch, que mesmo desconfiadas não deixaram de me apoiar e me encorajar, pois confiaram (como amigas de 15 anos devem confiar) e sabiam que qualquer escolha minha seria consciente e segura, além da amiga Regiane Menon que me aturou durante a gestação, reclamando dos desconfortos e tagarelando sobre parto. E a minha irmã linda Debora Patricia Castilha Motter, que é fonte inesgotável de amor, que me acalenta com seu abraço, que me protege com seu sorriso e que me apoia sempre e tanto e principalmente, acima de tudo!

 

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