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Júlia Ottoni - Nascimento Olívia

Nascida em 25 de setembro de 2015

O relato do nascimento da minha filha Olívia.

 

            Eu e meu marido demoramos um pouco para engravidar, cerca de 1 ano e 4 meses e, quando finalmente o teste de sangue e os três de farmácia deram positivo, ficamos imensamente felizes porém apreensivos pois dentro de algumas semanas nos mudaríamos de cidade. Viemos de Campinas para Foz do Iguaçu, mais de 1000 km de distância, absolutamente sozinhos e deixando família e amigos para trás. Ainda em Campinas entrei em contato com a Fernanda e assim que cheguei em Foz marquei um encontro para ela me explicar como funcionava esse mundo do parto humanizado, doula, médicos e hospitais em Foz, dentre outras coisas. Eu já fiz várias cirurgias e definitivamente não gostaria de passar por outra, uma cesárea, sem necessidade e sabendo que o parto normal oferecia infinitas vantagens para mim e para a minha filha.

            Durante a gestação, que para mim foi extremamente triste e solitária, os poucos encontros que a Fernanda e as outras doulas marcavam eram o meu maior motivo de alegria. Conseguia conversar sobre meus sentimentos e trocar experiências com outras grávidas, além de toda a informação que elas nos traziam para nos empoderar cada vez mais.

            Fisicamente e fisiologicamente minha gravidez foi muito tranquila, no último trimestre fiz Ioga e estava trabalhando meu corpo e minha mente para quando a Olívia quisesse chegar. Queria muito passar por essa experiência, de perder tampão, sentir os pródromos e toda a evolução do trabalho de parto, a partolândia, receber meu bebê no peito, enfim, tantas sensações nessa experiência, estava ansiosa esperando a minha hora de passar por isso. Até que fui fisgada brutalmente pela ansiedade de uma hora para a outra. Sim, me deixei levar pela presença de familiares que vieram para me ajudar a cuidar do bebê que não nascia, meu marido tentava disfarçar mas estava ficando difícil de esconder o nervosismo e isso me afetou muito, ainda mais após meses de extrema fragilidade e tristeza. Estava com 42 semanas batendo na minha porta e a Olívia não dava sinal de nada. Decidi intervir, estava no meu limite. Fui ao médico e pedi para ele fazer o toque. Nada. Perguntei se havia a possibilidade de fazer descolamento de membranas para induzir o início do trabalho de parto mas ele disse que meu colo estava totalmente fechado e que não poderia fazer nada. Decidi então fazer a indução. Fui para o hospital 7:15h do dia 24/09/16 e a Fernanda já estava me esperando. O médico de plantão deu início ao afinamento do colo, foram 18 horas aplicando comprimidos de misoprostol a cada 6 horas e depois iniciamos o temido sorinho. Gradualmente as contrações foram aparecendo, mas em um curto espaço de tempo as contrações estavam intensas e muito doloridas. Durante todo o tempo de afinamento do colo a Fernanda e a Cris revezaram no hospital comigo, me fazendo companhia, conversando e me distraindo. A noite fiquei sozinha, me aplicaram o soro por volta das 5 ou 6h da manhã e logo meu marido e a Fernanda estavam lá comigo. As 9h fizeram exame de toque e estava com 3 cm, comecei a ficar animada. Depois as contrações começaram com maior intensidade e eu perdi um pouco a noção do tempo, mas Fernanda me ajudava com massagens, me segurando no chuveiro, deixando eu esmagar sua mão pequena e me lembrando da respiração.  De tarde fizeram outro toque e continuava com os mesmos 3 cm de dilatação. Eu estava desesperada de dor e cansaço, implorei pela cesárea. A Fernanda ainda tentou me lembrar das minhas escolhas, me lembrou da analgesia, mas eu não aguentava mais. Tiraram meu sorinho para aguardar a preparação da cirurgia, foram minutos de alívio com contrações gostosas sem efeito da ocitocina, mas logo me colocaram soro normal no mesmo acesso da ocitocina e o desespero voltou e só parou com a anestesia. Foi uma mistura de alívio e frustração. Alívio pelo final da dor, frustração por ver minha vontade e todos os meses de preparação indo por água abaixo. Olívia foi nascida às 16h, cordão cortado de imediato, colírio de nitrato de prata antes de eu poder vê-la. Minha primeira foto em família é com minha filha com os olhos amarelos do nitrato de prata. Chorei de alegria por ter tido um lindo bebê, grande, forte, saudável. Deu tudo certo na cirurgia, meu marido ficou com a Olívia até a levarem para mamar, a Fernanda acompanhou esse momento e já verificou a pega dela, foi tudo tranquilo. O pós cirúrgico foi extremamente ruim e a recuperação foi demorada, um período bem complicado já que além de operada tinha um recém nascido para cuidar e um processo de amamentação para estabelecer.

            Mesmo com todo esse viés nos meus planos para o nascimento da minha filha, tive apoio incondicional da Fernanda que esteve ao meu lado e me apoiou na minha decisão. Ela esteve comigo no centro cirúrgico e no pós-parto, não me senti julgada nem pressionada em momento algum, só tive muito carinho, atenção, ajuda e amor durante todo o tempo.

            Não sou um caso de sucesso de parto normal humanizado mas estou tranquila com o desfecho que tive. Apesar de não ter sido o desejado, fui muito bem acompanhada, recebi toneladas de apoio e carinho da Fernanda, da Cris e do meu marido que estiveram comigo o tempo todo ao meu lado, minha filha nasceu saudável e eu só tenho a agradecer. Entendi que alcancei meu limite e não me culpo por não ter persistido por mais tempo. Hoje Olívia tem 5 meses e continuo em contato frequente com as doulas do Nascer e com as gestantes e mamães do grupo, que formaram uma rede de apoio maravilhosa, trocamos experiências e tiramos dúvidas o tempo todo, além de nos encontrarmos com frequência (menor frequência do que eu queria!). Só tenho a agradecer por tudo, fui acolhida no momento em que mais precisava e amo essas mulheres que agora fazem parte da minha vida e da minha história.

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