Monia Riva - Nascimento Lorena
Nascida em 11 de outubro de 2015
Relato parto da Lorena 11/10/15.
Demorou mas consegui escrever parte do que aconteceu e senti nesse dia.
Por anos sonhei com a concepção de um filho, que nesse ano de 2015 enfim Deus me presenteou.
Engraçado como depois de engravidar a mulher fica poderosa, destemida e temerosa ao mesmo tempo. Tinha medo do parto normal, medo de que o meu corpo não voltasse ao que era, medo da amamentação, enfim. Mas quando soube que me tornaria mãe, florescia no meu íntimo uma força da qual jamais tive conhecimento.
A partir daquele momento a informação era prioridade, e a busquei de muitas formas. Conheci pessoas maravilhosas e doulas que não são deste mundo, são anjos que me guiaram com certeza por um caminho que muitas não sabem trilhar.
Então o parto normal passou a ser sonhado, idealizado e planejado. Digo hoje que mãe alguma que conhece os benefícios do PN e procura o melhor para seu filho e para si jamais aceita uma cesárea de primeira sem se informar.
E muita informação foi o que recebi, e a certeza do PN só se firmava em minha mente.
Já com 29 semanas de gestação minha pequena ainda não havia virado, sim, estava pélvica ( sentada), e o coração dessa mãe de primeira viagem começou a se afligir. E então lá vinham minhas doulas com maaaais informação. De que bebê pélvico NÃO é indicativo de cesárea. Então seguimos firme até o fim desta jornada.
Às sete horas da manhã do dia dez de outubro minha bolsa rompia, um sábado, minha mãe e meu esposo ficaram em polvorosa para ir ao hospital, mas como eu estava calma e orientada, decidi esperar pelos pródromos, que não apareceram até o fim do dia, então fomos, juntamente com minhas doulas ao hospital verificar como estava a baby.
Chegando no PS fomos recebidas por uma médica (que não cabe citar nome aqui) de cara feia que mal me olhou nos olhos. Até que descobriu que tínhamos um plano de parto e estávamos cientes de tudo o que queríamos e do que poderiam fazer conosco (mãe e bebê). Nesse momento parece que a médica “acordou”. Leu o PP folha por folha e se direcionou a mim, que já aguardava no ultrassom. Tentou de todas as formas, com uma calma enorme me certificar de que o que eles (médicos) fazem é sempre o melhor para o paciente e bebê, que o hospital tem protocolos de atendimento e tal e tal e tal... E eu concordando, ciente do que ela dizia. Enfim disse um SIM, e ela me indagou; SIM o quê? Quer dizer que PODEMOS intervir? Eu disse NÃO! Só quero dizer que estou ciente de tudo o que a senhora está me dizendo. Ahhh ela não gostou, disse que EU estava pondo a vida da minha filha em risco, que o fato de estar de bolsa rota há horas poderia resultar em uma infecção e atingir a placenta e tal e coisa... Queria me internar, queria me empurrar a todo custo uma cesárea. Eu disse enfim que eu estava consciente e queria aguardar o TP natural. Então ela engoliu seco, e já que não me convenceria me liberou.. Voltamos pra casa vitoriosas, já que dificilmente sairíamos dali assim (fácil).
Passamos a noite e o dia seguinte em casa, à espera dos pródromos, e nada...
No fim da tarde retornamos ao hospital e pra nossa sorte damos de cara com a mesma médica. Depois de nos receber amargamente como antes, ela foi direta; você não vai conseguir ter um PN, nada de pródromos nem dilatação do colo do útero em mais de 24hs. Pesadamente concordei em intervir, iríamos medicar a fim de dilatar o colo do útero para desencadear o PN. OK! Indaguei ela sobre a posição da BB, ela disse que estava tudo certo, que ela estava encaixada. Então eu me assustei, se há poucos dias estava pélvica... Então a medica que se revelou em alvoroço. Acredite!!! Em DUAS ultra ela NÃO tinha detectado que minha filha estava sentada, não tinha virado, e não poderia estar encaixada. Pense na minha aflição, imaginando um PN ou cesárea com uma profissional dessas. Aí ela se desesperou, disse que não poderia JAMAIS ter um PN, pois nunca tinha visto caso semelhante. Chamou o médico que estava de plantão internamente e o informou, confesso que fiquei um pouco aliviada, pois já o conhecia do meu pré-natal, ele conhecia o nosso caso e se responsabilizou em fazer a cesárea. Então, consciente de que não encontraria nesse hospital ou cidade um médico que nos atendesse aceitei. E minha pequena nasceu, pesando 3,140kg e medindo 49 cm.
Por mais que uma mulher queira um parto natural, ela sabe que a cesárea é sempre uma possibilidade. Mesmo sabendo disso, é muito difícil aceitar que ela precisa passar por uma. Mesmo que ela tenha um obstetra que seja pró-parto normal, uma doula, um marido parceiro. Quando você escuta do obstetra que o parto não será possível é como se o mundo desabasse. E desaba mesmo. Aquele mundo que você imaginou da partolândia, de receber o bebê no colo imediatamente, de ficar ali abraçada beijando, cheirando... simplesmente desaba.
Ainda acho que minha filha não nasceu, ela foi tirada de mim, da forma mais dura e seca que se poderia receber alguém, seu chorinho "sentido" doloroso ainda ecoa na minha mente.
Hoje sei que se tiver outro filho, será muito diferente.
Informação é a base de tudo, e ainda assim não foi possível realizar meu sonho de parir naturalmente. A medicina evoluiu o suficiente para perder o que de mais belo poderia existir nela: a aceitação do natural.
Gratidão a todos que me acompanharam nessa fase tão preciosa da minha vida, ao grupo Nascer de Foz do Iguaçu, minhas doulas amadas Fernanda Sherer e Cristina Ito de Lima, e ao esposo por me apoiar sempre.
E digo a você mãe de possível bebê pélvico, não desista, existem profissionais que ainda atuam com excelência mesmo com tanta tecnologia disponível. Devemos lutar pelo melhor sempre.
