Vanessa Alberti de Andrade - Nascimento Maria Vitória
Nascida em 10 de abril de 2016
Sempre quis um parto normal, cheio de carinho, de amor e muita paz para a chegada do meu bebê. Quando eu e meu marido decidimos que havia chegado a hora de encomendarmos nosso maior presente a Deus, comecei a estudar sobre parto, pois, até então, tinha apenas a visão da maioria das pessoas sobre o assunto, ou seja, não sabia quase nada a respeito. E, quanto mais eu pesquisava, mais via que ter um parto normal, do jeito que sempre sonhei cheio de respeito por mim e pelo meu bebê, dentro de um hospital, seria quase uma missão impossível. Inúmeras são as intervenções desnecessárias feitas na mãe e no bebê dentro do protocolo hospitalar de parto normal, sem contar a chance gigantesca de ocorrer uma cesárea desnecessária devido à pressão que o médico e equipe médica exercem sobre a parturiente. Foi então que conheci o Gesta Foz, através da Cláudia (que também foi uma das inspirações que tivemos para a escolha do parto), e através do Gesta, tivemos a oportunidade de assistir a uma palestra sobre parto domiciliar com a Honielly, enfermeira obstetra que comanda uma equipe de parto em Cascavel. Eu e meu marido ficamos encantados com o que ouvimos e, muito inclinados a partir para esse caminho quando fosse nossa vez. Em julho de 2015 engravidamos, e ai as coisas para mim ficaram um pouco diferentes. A certeza que tinha antes, em ter um parto em casa, foi substituída pela incerteza, pelo medo de que algo de mal pudesse acontecer com o bebê, mas, ao longo da gestação e ao longo dos meus estudos, minha certeza voltou, era isso que eu queria. Minha bebê (sim, uma menina) merecia nascer da forma mais linda possível, num parto humanizado onde seríamos respeitadas e onde eu e meu marido poderíamos acolhe-la com todo o amor com o qual a concebemos. Sabia que além de uma ótima equipe de parto, eu precisava de um apoio extra, um apoio que só uma doula poderia me dar, foi então que contratamos a equipe do Nascer. Participamos de algumas rodas informativas que a equipe faz e decidimos que a Aline seria nossa doula e nos acompanharia nessa jornada.
Bom, vamos ao que interessa, o parto. Na madrugada do dia 09 de abril de 2016, acordei com cólicas, fraquinhas ainda, mas que poderiam ser o sinal de que nossa Maria Vitória estava pronta para vir ao mundo. Fiquei super feliz com aquilo, mas, sabia que também poderia ser um alarme falso e, sem criar muita expectativa, voltei a dormir. Acordei cedo, e continuava sentindo as cólicas, que não tinham um ritmo definido e eram fraquinhas ainda. Fiquei assim o dia todo. Limpei a casa, fiz almoço, fiz bolo, fui ao supermercado eheheh. Só parei tarde da noite, quando decidimos ir descansar. Já havia avisado a Aline e a Honielly de como as coisas estavam acontecendo e, ambas me disseram para descansar, pois o trabalho de parto poderia engrenar na madrugada do dia 10. E foi o que aconteceu! Depois de cochilar umas 2 horas, entre uma contração e outra, acordei. Elas estavam bem mais fortes e ritmadas então resolvi tomar um banho quente, apesar do calor insuportável que estava fazendo naqueles dias aqui em Foz. Entrei no chuveiro na expectativa de que a dor diminuísse, mas, a água quente não meu deixou confortável. Sai do chuveiro e voltei pra cama, na esperança de que lá sim as dores diminuíssem. Não adiantou. Fiquei com vontade de fazer xixi, fui ao banheiro e fiquei assustada, pois havia sangue vivo na minha calcinha. Acordei meu marido, dizendo para ele ligar para a Honielly e falar o que estava acontecendo. Entre a conversa com ele e comigo, ficamos uns 20 minutos com ela ao telefone e, constatando que eu estava com contrações com intervalos menores que 5 minutos e com duração superior a 40 segundos, ela disse que junto com sua irmã já estavam a caminho. Meu marido então ligou para a Aline, que logo em seguida estava em nossa casa, me massageando e me dando o apoio emocional que estava precisando naquela hora. Já eram 03h50min e meu marido ligou para nossa amiga Pati, ela iria fotografar o parto. Enquanto ele enchia a banheira em nosso quarto (tínhamos decidido que o parto aconteceria lá), fui novamente para o chuveiro quente, mas não consegui ficar lá por muito tempo. Me lembro de ter ido para a cama novamente, não sei quanto tempo fiquei lá, as dores estavam muito fortes e eu estava com uma vontade gigantesca de fazer força. Senti ardência e sabia que Maria Vitória já estava querendo sair. A equipe de parto ainda não havia chegado em minha casa mas, meu marido ficava o tempo todo dizendo em que ponto da estrada elas estavam e, quando me dei conta, a Honielly e a Henielly já estavam no quarto. A Honi fez um exame de toque e disse que eu já estava com 9 cm de dilatação e ai, nesse momento, minha “ficha” começou a cair. Me dei conta que minha filha, tão esperada, tão planejada, tão querida, finalmente viria para este mundo em pouco tempo. Nesse momento, meu trabalho de parto “travou”. O que estava acontecendo tão rápido, tão tranquilo, apesar das dores intensas, regrediu. Meus medos... eles vieram como um tsunami em minha mente. Como eu iria cuidar de uma criaturinha tão pequena, tão frágil? Ela dependeria de mim pra tudo... Travei! Além desse medo emocional, vieram os medos físicos ehehhe. A dor do expulsivo é muito maior do que as contrações da fase latente, sentia muita ardência na vagina, fiquei com medo de lacerar totalmente. E o medo mais ridículo eheheh, sentia muita vontade de fazer coco, parecia que ia sair tudo, menos um bebê de lá debaixo eheheh. Comecei a entrar em desespero, dizendo que não iria conseguir pôr minha filha no mundo, que não tinha mais forças. Estava realmente com muito medo e exausta. Todos os que estavam em minha volta me apoiavam dizendo que eu era capaz, que eu conseguia, mas eu negava. Até que, em uma das vezes que as enfermeiras escutaram o coraçãozinho da Maria Vitória, viram que o ritmo dos batimentos dele estavam diminuindo. Foi quando a Honi me fez olhar nos olhos dela e disse que precisávamos que a Maria Vitória nascesse naquele momento, me explicando o porque. Fiquei mais desesperada ainda, agora com medo de estar fazendo algum mal para minha filha. Meus medos estavam me travando tanto a ponto de estarem fazendo mal para minha menina. Não, eu não permitiria aquilo. Não sei da onde, mas recuperei minhas forças e depois de mais um tempo e algumas manobras que pudessem me ajudar a coloca-la no mundo, eu consegui. Minha filha nasceu as 07h00min do dia 10 de abril de 2016, com 3 kg e 49 cm de comprimento. Tive laceração de grau 1 e algumas escoriações, porém não precisei ser suturada. Estava na banqueta de parto, amparada pelo meu marido, companheiro, amigo, amante. Ela veio direto pro meu colo, quentinha... tossiu algumas vezes e logo chorou, mostrando que seus pulmões estavam ótimos. Logo fomos para a cama, eu e ela, grudadinhas, unidas ainda pelo cordão, que pulsou até ela se recuperar totalmente da jornada do nascimento. Não foi fácil para ela também. Seu pai cortou seu cordão umbilical logo após o nascimento da placenta. E assim foi o nosso parto... digo nosso, porque além de ter sido o parto da minha filha amada, foi o parto do meu renascimento como mulher, como força da natureza que é capaz de gerar o milagre da vida em seu corpo e é, principalmente, capaz de parir esse milagre. Foi uma experiência intensa, não foi fácil, não foi um “mar de rosas”, mas eu faria tudo novamente. Aliás, me prepararia ainda mais, estudaria ainda mais, pois, conhecimento nunca é demais e, se pudesse aconselhar alguma mulher que queira muito um parto normal eu diria, trate seus medos, busque ajuda. Estar liberta deles num momento tão intenso como é o parto, é fundamental. Agradeço a Deus por ter colocado em nosso caminho pessoas tão especiais quanto a Honelly, a Henielly, a Aline e a Pati. Obrigada por tudo meninas! Vocês todas foram excelentes! Gratidão eterna a vocês! Mas meu maior agradecimento a Deus é por ele ter colocado em meu caminho um homem tão especial quanto você meu amor, meu marido Roni. Obrigada sempre por estar comigo e me apoiar em tudo!

